quarta-feira, 11 de novembro de 2015

BNCC: A solução ou a dissolução?




Discutido a mais ou menos uma semana em Curitiba, a Base Nacional Curricular Comum que visa "melhorar" o ensino brasileiro, foi amplamente criticada por educadores em geral, de todas as matérias pela sua compactação e falta de conteúdos fundamentais para o desenvolvimento de um aluno sobre a matéria.
Mas, não quero dissertar em cima da reunião, da pauta diretamente, mas sim do motivo pelo qual está sendo debatido: a melhoria do ensino público! ora, um grande passo? Talvez sim, talvez não, mas já chegamos nessa parte. A ideia em si é mudar todo o ensino desde o primário ao ensino superior. Foi feito um edital no qual a sociedade (sim, por que afinal isso é de interesse da população inteira, até mesmo quem já não a frequenta mais a escola, super lógico!) nisso foi-se criado o Dialoga Brasil e lá você poderia colocar a sua proposta e deixar em votação, pois bem, foram classificadas para a etapa de análise 3 destas propostas um tanto quanto vagas (organizadas de acordo com suas classificações):


  1. ''Reorganização Curricular do Ensino Médio. Estudar a possibilidade de uma grade curricular atrelada aos novos tempos e a nova sociedade. Atentar para a produção científica e a interdisciplinaridade."
  2. "Introdução à Política, Direito e Economia Doméstica (ou a matéria Cidadania) deveriam ser matérias obrigatórias em toda a rede de educação, pois é conhecimento que estimula uma população consciente."
  3. "Garantir nas Escolas a inclusão de Assistentes Sociais e Psicólogos!"
Algumas pérolas como por exemplo escola em tempo integral (provavelmente proposto por alguém que acha que o problema da criminalidade é a falta de instrução escolar), investir em escolas onde o índice da Prova Brasil é maior (é!) e também tem propostas que realmente deveriam ter tido um espaço bacana como a proposta de ensino da Filosofia e Sociologia desde o fundamental (17º lugar) e personalização da grade curricular introduzindo matérias de seu interesse visando a ênfase na área da qual quer seguir no ensino superior (18º lugar).

Supondo que esses três tópicos pré-selecionados fossem realmente implantados qual seria o próximo passo? A estrutura... E era aí que eu queria chegar. Talvez o problema do ensino não seja sua estrutura? Talvez esse sistema pré-histórico da educação nunca tenha funcionado por que nunca houve estrutura pra lhe manter em pé? Com a era da informação digital o ensino básico, fundamental pra formação de um estudante, seria se bem harmonizado com o ambiente escolar, um caminho a se trilhar para o ensino perfeito, mas a estrutura de educação do Brasil torna tudo isso inviável; Pensarmos que mudar as matérias da grade curricular, atrelar elas a um novo aspecto, novos pontos de vistas e se apossar de dados atuais vai trazer uma melhora se devido a falta de estrutura, o sucateamento das escolas públicas esse tipo de mudança sirva apenas para se encher cadernos e gastar tinta de caneta? Se nem mesmo o ensino que nós sempre fomos forçados a engolir surtiu efeito justamente por que o ambiente escolar é um sinônimo de prisão, sinônimo de chatice, chegar em sua sala de aula e ver suas carteiras e cadeiras depredadas, o quadro negro sem condições de escrita, janelas sem cortinas, televisões de tubo que muitas vezes não funcionam e já nem existe mais suporte para elas, talvez seja o conteúdo que cause essa insatisfação? Talvez a falta de democracia em escolhas em que o foco seria os estudantes, a participação do aluno é nula pela ditadura dos "pais", que tudo necessita de uma autorização ou de um consentimento muitas vezes bobo, a infantilização dos jovens de 15 à 17 anos, o mercado de trabalho que ele encontra escasso em relação a oportunidade de trabalho, somos o futuro mas temos a chance de sermos o futuro?

Se desde o começo tivesse sido feito um consenso entre alunos/governo/escola, os rumos da educação hoje seriam diferentes pelo ponto de vista do estudante. Se houvesse uma participação majoritária e significativa, tudo poderia ser diferente e pesquisas como a que demonstra que a maioria dos estudantes do ensino médio, saem do ensino sem levar pra sua vida nem o básico do que se lecionou em 3 anos por que se veria o problema de dentro pra fora e isso poderia ter sido evitado a muito tempo. Se órgãos que nos dizem representar discutissem menos política e tentar ser uma base aliada do governo federal e lutasse por políticas públicas internas as escolas, se aliando a quem quer que seja, oposição/governo, trazendo melhoras imediatas ao ensino que é o que se precisa, se essa meritocracia julgando sistemas de avaliações completamente falhos para diferenciar os aptos dos inaptos fosse vista como incabível, veríamos um ensino que sairia do campo do conservadorismo e iriamos rumo ao progresso, como é o lema da nação, certo?

Recomendo a leitura





quinta-feira, 5 de novembro de 2015

PL 5069/2013, mais uma regressão.


    O projeto de lei 5069/2013 proposta por nosso "excelentíssimo" Deputado Eduardo Cunha, propõe que para que a vítima de estupro possa ser atendida e possa passar pelo procedimento seguro de aborto, ela tenha que passar por um exame de corpo de delito, trazendo de volta todos os traumas e dores daquele momento horrível vivido.
    Há pouquíssimo tempo, conseguimos conquistar o direito de decisão de abortar com segurança em casos de estupro (sendo necessário apenas o testemunho de um médico), risco à saúde da mulher e, caso seja comprovado por laudos médicos, que o feto sofre de anencefalia. Isso foi tido como um belo avanço, tanto para a saúde pública, quanto para a legislação.
    Agora há uma lei (retrógrada) que dificulta a realização deste processo. A lei obriga que seja feito um exame de corpo de delito, seja apresentado um B.O e (pasmem) pune aquele enfermeiro ou médico que informar a mulher sobre o procedimento, caso esta queira abortar e veta a distribuição de pílulas do dia seguinte (já que para aqueles que defendem o projeto, a vida é concebida a partir do momento que o óvulo é fecundado), e na constituição atual é fornecida àquelas que relatam que foram vítimas de estupro, para que não haja fecundação.
    Pois bem, após uma longa luta para que ao menos as vítimas de estupro tivessem o direito de abortar, vemos tudo isso sendo desfeito. Vamos ver milhares de mulheres morrer em clínicas clandestinas e, caso a vítima queira fazer isso de forma segura, terá que expor toda a sua dor, e podemos até falar que passará pela humilhação de ser mais uma vez violada, só que dessa vez pelo Estado.
   Temos dados do IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas) de 2011 que mais da metade das vitimas de estupro no Brasil são meninas de até 13 anos. VEJAMOS BEM, MAIS DA METADE SÃO CRIANÇAS! Com essa PL, dificultando a assistência à essas crianças, estamos obrigando que estas gerem outras crianças, obviamente contra a vontade, sem ter estrutura psicológica, física e financeira para arcar com as consequências da criação de um filho, e estamos roubando, mais uma vez, a infância dessa criança e fazendo com que ela viva o resto da sua vida com as marcas dessa violência. Assim será com as mulheres adultas também, obriga-las a gerar o filho, que é fruto de um estupro, trará danos à ela durante sua vida toda, e sabemos também que estas recorrerão à clínicas decadentes, pondo sua vida em risco.
    Não podemos cruzar os braços e aceitar que isso aconteça. Não estamos na Era Medieval. Mais uma vez temos que gritar pelos nossos direitos.


FONTES: http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2015-10-22/dos-piores-retrocessos-diz-deputada-sobre-pl-que-dificulta-aborto-apos-estupro.html